terça-feira, 26 de agosto de 2008

Passeio a Guararema / SP


O passeio do último domingo nos levou até a vizinha Guararema, distante a apenas 87 km da capital paulista . Motivado por um texto da repórter Eliana Malizia em sua coluna Rota do Charme da revista Moto Adventure, resolvi propor a esposa e um casal de amigos... Lucas e a namorada Irina, o passeio. Como o tempo não estava ajudando, pois o sábado que antecedia mostrava-se frio e chuvoso todos ficaram receosos de confirmar, mas eu sabia que haveria sol, pois estou virando o homem do tempo dos motociclistas, com a ajuda da internet é claro e comecei um trabalho de motivação pois sabia que o passeio prometia , eu só não sabia ainda o quanto ...

O MC o qual sou membro havia programado uma viagem à Angra dos Reis, porém o mal tempo do sábado os havia destituído da idéia, e foi com surpresa e imensa alegria que recebi uma ligação logo no domingo pela manhã do amigo Cláudio nosso presidente se juntando a nós no passeio com boa parte dos membros do Garra de Águia MC , marcado o local do encontro saí com a esposa muito feliz, pois gosto de passeios de moto e com meu grupo gosto muito mais .

Saindo do ABC pela Av. Jacu Pêssego logo caímos na Rodovia Ayrton Senna da Silva com uma breve parada num posto no início da estrada , um gostoso café , pausa para as mulheres retocarem a maquiagem e se confraternizarem enquanto nós homens como não podia deixar de ser ficávamos admirando as muitas motos estacionadas no local, notei a grande quantidade de motociclistas chegando e saindo cada qual com seus destinos, ali funcionando como um ponto de encontro e ponto inicial de viagens . Nesta altura a névoa matinal dava lugar a um sol maravilhoso e um céu azul que enchia meu peito de alegria e adrenalina .

Partimos e eu não deixava de admirar a estrada perfeita, bem sinalizada e de piso ótimo onde a Cidicléia deslizava como uma madame, tendo minha esposa fotógrafa me acompanhando era dupla a felicidade, sua companhia imprescindível e suas belas imagens de estrada ...




No km 68 da Rodovia Carvalho Pinto saímos caindo na Rota 66 ( a Rodovia Enrique Eroles ), uma estradinha que é o paraíso para um motoclista, asfalto muito bom, cheia de curvas e uma paisagem lindíssima de montanhas verdes e vaquinhas pastando . Logo estávamos no trevo de acesso a cidade de Guararema, passando por seu portal de entrada em madeira
seguimos por um curto caminho até chegar a Praça Pau D’Álho ( Recanto do Américo ), margeando o Rio Paraíba, largo, com águas límpidas e com imensos cardumes de peixes , a praça é um convite ao descanso ou ao namoro, pois sentar num de seus banquinhos abraçado a amada e só curtindo a sinfonia das águas e puro relaxamento ... Notei o cuidado do local, com vocação turística, havia muito a se ver, pontes bem construídas saracoteando sobre o rio, uma grande área verde , bancos de praça limpos e bem pintados , grandes placas sinalizando tudo a se ver e guardas cuidando de tudo e sendo uma espécie de guia aos visitantes .

O domingo mostrava-se curto diante de tanta coisa ainda por se ver, subimos nas motos e decidimos procurar um lugar para almoçar, passando antes no Parque da Pedra Montada , distante do centro pouco mais que 15 minutos de moto, a estrada de acesso por si só já valeria o passeio, porém o parque é algo de inesquecível, a começar pela construção das escadas em madeira que levam a parte alta, em minha imaginação fértil veio a imagem daquelas construções japonesas , grandes templos de outras épocas, mas ali eram tão somente escadas, que levavam ao alto da montanha onde podíamos apreciar uma obra da natureza ao mesmo tempo bela e instigante ... grandes pedras empilhadas como que se equilibrando por incontáveis anos, minha esposa encantou-se por uma formação rochosa mais ao fundo já num sítio vizinho, minha porção moleque veio a tona e nos desgarramos momentaneamente do grupo e subimos ofegantes por uma estradinha de terra, em minha imaginação me senti num filme de faroeste , Django, Ringo , uma musiquinha assoviava em meus ouvidos , não pude deixar de rir seguindo a esposa que lépida seguia na frente, subimos nas pedras de onde se descortinava a visão de todo o vale, lindíssimo . Fotos e deslumbramento e voltamos para o grupo , decidimos continuar a estrada até a Estrada da Petrobrás onde um trecho de terra empoeirada nos levou ao Alambique e Restaurante do Décio, onde além de saborear um almoço apetitoso de filé enorme fomos recepcionados pelo Kojak que nos mostrou todo o local, um alambique de onde é fabricado uma deliciosa cachaça além de vários e deliciosos licores, eu não bebo bebida alcólica mas é inegável a sensação da boca molhada diante do cheiro que vinha dos grandes tonéis a nossa frente .

Almoçados , pé na estrada, caminho de volta ao centro de Guararema não sem antes uma parada pela antiga estação de trem, outro cartão postal da cidade, em minhas memórias de infância trens e rios tem um carinho especial, por isso sempre busco em meus passeios locais assim, coisas de um saudosista nato .

Sujeri antes do retorno uma passadinha pela Ilha Grande, um nome apropriado ao local, pois uma bela ponte levava até uma ilha ao centro do rio, antecedida por uma linda praça o local é lindo, de uma paz que invadia nossos corações e mentes, pensei em minha filha, hoje uma linda moça de 20 anos, mas que quando criança lia em sua cabeceira o livro a Ilha perdida de Maria José Dupré, busquei em minhas fantasias uma ilha perdida em meio ao Rio Paraíba, mas não tinha nada de perdida e sim um verdadeiro achado, um oásis de tranqüilidade invadida pelo mavioso som de uma gaita, outro personagem típico do local, Sr. Juvêncio que já conhecera através do texto da Eliana e que não quis prosseguir sem um centavinho de prosa, senhorzinho simpático e falante, que faz a trilha sonora com sua gaitita a todos que por ali passam .

O grupo começou a chamar minha atenção para o horário, fiquei um pouco triste pois havia ainda muita coisa para se ver, como a Igreja Matriz , a feirinha de acessórios que minha esposa adora tanto em nossas viagens , mas mentalmente já fiz uma promessa, retornar mais vezes a Guararema, a cidade perfumada, pois suas orquídeas por todo canto faz jus ao seu nome .

Serviço :

Guararema dista apenas uma hora da capital, por estradas excepcionais e muito bem sinalizadas não tem como errar

Um ótimo passeio de motociclistas mas muito bom também para quem vai de carro com a família, quem tem criança pequena ficariam encantados com tudo para se ver .

Visitas :
Recanto do Américo ou Pau D’Alho
cartão postal da cidade; belas árvores pau d’alho – uma delas com 33 m de altura e 2,5 m de diâmetro – as corredeiras do Rio Paraíba e suas ilhas.
Parque Municipal da Pedra Montada: Localizada na estrada da Petrobrás. Trata-se de uma belíssima sobreposição de pedras, cada uma medindo cerca de 9m de comprimento por 2,5m de altura


lha Grande: Inaugurada no final do ano de 2004, a Ilha Grande, é o mais novo ponto turístico de Guararema, uma ilha que permite ao visitante dar um passeio em sua pista de 400 metros as margens do Rio Paraíba

Morro do Gerbásio
80 m de altitude e área com 19.200 m²; vista panorâmica da cidade e arredores; na área central.
Cavalgadas
belo passeio que parte de Guararema em direção a Caraguatatuba, no litoral paulista.
Armazém do Chico
do final do séc. XVIII; Centro.
Casarão Chaim Saiar
do início do séc. XIX; Centro.
Cadeia Pública
de 1899; Centro.
Igreja de N. Sra. da Escada
construída no local da antiga capela de 1652; tombada pelo Patrimônio Histórico; arquitetura típica barroca com paredes em taipa de pilão; em seu interior, uma imagem de São Longuinho, conhecido como o Santo das Coisas Perdidas; na Freguesia da Escada, a 3,5 km do Centro.
Igreja N. Sra. D’Ajuda
construída pelos jesuítas em 1682; tombada pelo Patrimônio Histórico; pinturas do artista sacro José Benedito da Cruz; imagem de N. Sra. D’Ajuda em madeira policromada; no alto de uma colina, às margens do Rio Paraíba, acessível através de 81 degraus.
Estação Central do Brasil
de bela arquitetura, serviu para o transporte de pessoas e mercadorias até a década de 70; atualmente abriga o Centro Cultural, com Biblioteca e Salão de Exposições; próxima a uma ponte de origem inglesa.
Trenzinho Turístico e Charretes
passeios pela cidade; pontos de embarque na Praça Cel. Brasílio da Fonseca e na Rua Pe. Cornélio, de onde partem as charretes.
Centro Artesanal
exposição e venda permanente de artesanato, obras de arte e souvenirs; aberto de terça a domingo das 10 h às 18 h, no antigo Mercado Municipal, Rua Major Paula Lopes s/n.

Restaurante e Alambique do Décio.
Indo pela estrada da Petrobrás, somente a estrada vale o passeio, e para quem gosta encomende os deliciosos licores de vários sabores, imperdível

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Mauá - Curitiba _ Paranaguá

Ansiedade, esta era a palavra que movia meus dias que antecedia minha viagem, o Moto Clube Robalos Rebeldes sediado em Paranaguá preparava sua IX Festa de Aniversário, e movimentava a cidade toda, pois um grande número de motociclistas e motoclubes de todos os canto do país para lá se dirigiam, no ano anterior um número impressionante de mais de 7 000 mil pessoas foram, e este ano era esperado a quebra deste recorde, para mim, era apenas a desculpa para visitar a minha cidade, minhas memórias de infância eram toda de lá, pois saíra de lá com apenas sete anos, e eventos como a primeira vez que fora no cinema ( sou um cinéfilo convicto até hoje ), vi a Copa do Mundo de 70, num tv colocado pela prefeitura na praça central, pois era luxo de poucos na época, e cada pedra de rua, cada casarão havia um pouco de meus olhos de menino, e eu nunca mais voltara, quando vi o evento de motociclismo, comecei a preparar mentalmente a viagem . Agendar datas com meus compromissos profissionais, pouco dinheiro e até mesmo companhia não eram impecílios para minha pequena aventura .

Minha querida Cidicléia estava sendo preparada para a viagem, se bem que pouco ou quase nada precisaria ser feito a não ser trocar relação, meu entusiasmo era como o de um menino, não cansava de comentar com todos, faria minha primeira viagem mais longa, desta vez minha esposa por motivo de trabalho não estaria comigo, a não ser em meus pensamentos, porém ao comentar no Garra de Águia , o motoclube o qual sou membro, um amigo logo manifestou interesse, e este multiplicou-se em mais 2 , e já não ia mais sozinho, agora teria as maravilhosas companhias do Vecchi, do Gilmar e do Carlinhos . Conforme o dia marcado ia aproximando-se minha expectativa ia aumentando , marcávamos a partida para a quinta-feira dia 7 de agosto, o evento iria iniciar-se em 08 seguindo pelo sábado 09 e domingo 10, embora no dia 10 viajaríamos logo pela manhã para passarmos o domingo dia dos pais já em casa com a família ...

Finalmente dia 07, eu mal dormira na noite anterior, descera pelo menos 3 vezes até a garagem checar os alforges, mais uma das inúmeras passadinhas de pano no tanque e na bolha para-brisa e enfim chegava a manhã, conforme o combinado as sete da manhã já estava em frente a casa do Vecchi, nosso ponto de encontro, ainda deu tempo para um pulinho a padaria, um café da manhã movido a muita conversa sobre o que nos aguardava, éramos quatro meninos, e na minha mente logo veio o filme do John Travolta e o personagem que mais se encaixava em mim um todo certinho e empolgado vivido por um ator ruivo de óculos, eu não deixava de rir ao passar cenas do filme em minha mente, Motoqueiros Selvagens , distinto senhores deixando sua rotina em busca de quilômetros de estrada em busca de liberdade e no meu caso um encontro marcado com minhas raízes 35 anos depois ...

Primeiro Dia

Rumamos para a Rodovia Anchieta, o sol brilhava sobre nossas cabeças, no pedágio uma parada para a tradicional foto de início de viagem,
Preparativos nós ainda não sabíamos, mas o sol amigo também ali se despedia de nós, não o veríamos mais até a tarde de domingo , eufóricos combinamos que só pararíamos de novo em Peruíbe a 130 Km onde abasteceríamos e tomaríamos um café , ao pegarmos a Rodovia manoel de Nóbrega ao final da Imigrantes, um forte vento lateral teimava em nos acompanhar, em determinados momentos era até difícil manter a moto em linha reta tal a força do vento, minha carenagem não parava de vibrar o que me incomodava bastante pelo barulho irritante, o pequeno parafuso que segurava não suportara o vento e com a vibração perdera a capacidade de aperto . Chegamos a Peruíbe , um café, fotos no portal da cidade e abastecimento, cometera um erro que me arrependeria muito mais tarde, os amigos encheram os tanques, eu olhara no marcador e tinha rodado 133 km, então vi que estava a meio tanque, calculei que chegaria com tranqüilidade até 300 km com aquele combustível e disse que abasteceria mais a frente, subimos nas motos e começamos a rodar , alguns minutos e kms depois a paisagem mudava, a pista dupla da manoel de Nóbrega agora era uma rodovia de mão dupla, grandes e lindas serras verdes se descortinavam ao nosso lado, entre um e outro dos muitos buracos que topávamos dava de canto de olho para ver o gado pastando tranquilamente nos imensos gramados verdes, pista que requer cuidados redobrados pois além dos muitos buracos os caminhões com seu rodar cansado e preguiçoso tínhamos que tomar cuidados com os automóveis impacientes que queriam nos ultrapassar a qualquer custo sem preocupar-se muito com a pista contrária sem visão ...

Sem incidentes chegávamos a tão afamada BR-116, antes da viagem ouvira muitas histórias e conselhos sobre a Régis Bittencourt a ponto de sentir um estremecimento involuntário assim que entrara nela, paramos sob um viaduto tiramos algumas fotos, e antes de colocar o capacete de novo, mentalmente fiz uma prece, por mim, pela minha Cidicléia e pelos meus amigos, servia para me confortar e afastar o temor da estrada, nos primeiros Kms a sensação de desconforto me abandonava e o prazer da estrada e da paisagem me invadia, os muitos caminhões não chegavam a assustar , tínhamos apenas que respeita-los e respeitar nossos limites, o vento forte de antes transformava-se em gotículos na viseira do capacete, era hora de parar e colocarmos as capas, em minutos o céu desaba sobre nossas cabeças, a chuva forte vinha acompanhada do frio, estávamos ainda alguns kms antes de Registro , de volta a estrada eu rodava atento as poças que se formavam, o medo de escorregar era grande, velocidade média de 90 p/h eu ia de olho no líder , a trazeira da Drag Star do Vecchi era firme e constante, algum tempo depois começávamos a subir a serra que antecede a divisa com o Paraná , ao término de um declive com uma curva acentuada senti minha Cidicléia reclamar, virei a torneira da reserva e lembrava que não tinha abastecido na entrada da Régis no Fazendeiro como tinha planejado, entrertido com as fotos e a prece passamos direto, eu olhava no marcador e via 310 km rodados, não tinha do que reclamar, a brava Mirage cumprira sua parte, mesmo virando pra reserva ela apagara, joguei para o acostamento afastando-me da curva, o líder e o Carlinhos foram embora sem perceber, o Gilmar ( o Anjo ) parou ao meu lado, eu comentara de minha imbecilidade, após ver que tinha virado pra reserva ela não pegava , o amigo me pediu para ficar e arrancaria pra buscar gasolina,
eu concordei tristemente, não tinha o que fazer, porém alguns minutos depois dei na partida e ela pegou, descobri da pior forma que ela passa do tanque pra reserva num intervalo e não direto bastando virar a torneira, sabia que ainda tinha dois litros e 50 km para rodar, fiz todo o trecho de serra e parei num posto abandonado, encostei a moto e fiquei cerca de duas horas na beira da pista e embaixo de um temporal, até a chegada do Gilmar que trazia uma garrava de gasolina, os outros dois estavam a cerca de 30 km a nossa frente, ainda tínhamos mais um trecho de serra logo antes da divisa com o Paraná, pausa para um cigarrinho do Gilmar e começamos a andar, logo no início da subida notamos alguns carros parados e muitos caminhões, não era um congestionamento comum, pois as pessoas estavam muitas pra fora do carro, o Gilmar me indagara se eu tinha receio de andar em corredor o que respondi negativamente, então ele me disse ... “ Siga-me “ ... cerca de uns sete kms entre os muitos caminhões e carros, algumas vezes manobrando a moto empurrando com os pés, pois o corredor era inregular , e no alto da serra descobríamos a razão, uma carreta com grandes tanques de óleo havia tombado, e tínhamos toda a descida para cruzar e cerca de 700 mts com a pista totalmente lavada, mesmo contrariando os conselhos dos caminhoneiros resolvemos arriscar, sem tocar em freios ou embreagem, conduzi a Cidicléia mansamente até o ponto que víamos de novo o escuro do asfalto, terminado o trecho começamos a rodar devagar e passando as rosas em poças d´´aguas para lavar os pneus, sentindo-nos firmes de novo começamos a rodar mais rápido, desta vez tendo a BR somente para nós, pois a mesma ficara trancada todo o resto do dia, mais a frente nos reunimos com o restante, comentamos o ocorrido, tomamos um café eu enchera o tanque da Velha Dama e rumamos para Curitiba, desta vez despreocupados com o tráfego, somente tendo a companhia da chuva e o ronco dos motores ... mesmo com a capa de chuva e as luvas eu me sentia gelado e ansiava por estar numa cama quentinha, já era noite ... mas isso é assunto para o próximo tópico ...

Curitiba ... na quinta a noite

Ao entrar no perímetro de Curitiba, rumamos direto para o centro, eu ainda me lembrava dos antigos hotéis na região da Câmara Municipal, e um banho quente era objeto de meus desejos mais imprescindíveis, paramos no Centro Histórico, tomamos um café quente, tirei algumas fotos noturnas , liguei para minha filha, para o amigo Cubas de Curitiba para pedir informações de hotéis e descemos rumo a antiga Estação Ferroviaria, numa breve rodada descobrimos o Hotel Ambassador, gerenciado pelo Sr. Raul, um sinhorzinho pra lá de simpático e muito falante que não media esforços para nos instalar, a ponto de buscar um colchão num hotel em frente, pois o único aposento vago era um quarto com 3 camas de solteiro, então o jeito era um de nós dormir num colchão estendido no chão, cansados e com frio , consideramos um paraíso, e o valor de 25,00 por pessoa nos pareceu mais do que justo . Tomamos banho , nos agasalhamos e saímos para jantar, o destino era a dica do Sr. Raul , o Shopping Estação, onde encontraríamos além da comida, olhares curiosos, muitas fotos a tirar e o Shopping mais lindo que já visitei, de cara pensei na minha esposa, pois ambos somos Shopólatras inveterados e senti ela não estar conosco para ver toda a beleza do lugar .
O cansaço veio a galope após a barriga cheia, voltamos para o Hotel a tempo de ver a novela ( yes, soy novelero, e queria ver a pilantra da Flora aprontar com a Donatella ) .


Curitiba ... Entrevistados na tevê

A manhã de sexta em Curitiba amanheceu fria, após o café fomos dar uma volta pelo centro da cidade, a sensação térmica era de 5º , paramos em algumas loginhas para comprar luvas de lã e gorros, era engraçado como chamávamos a atenção por onde passávamos, com o colete do Garra de Águia MC, as pessoas podiam nos indentificar pelos nomes, e era comum sermos chamados na rua para um papinho, impressionava-me a simpatia do povo curitibano, pois desde rapazes a senhores e senhoras, todos queriam nos cumprimentar e saber de nosso destino, o brasão da Associação Paulista de Motociclismo mostrava que éramos de São Paulo e a curiosidade sobre nossa viagem era grande, era confortante receber de todos o “ Viagem com Deus “ ou “ Deus os acompanhe “ ... o pequeno giro pela manhã fez nos depararmos com o Repórter Kândido do programa 190 da Rede CNT local, ele pe puxou pelo braço pedindo minha atenção e comentou que estaria com um link ao vivo da Praça Tiradentes, ali pertinho, e gostaria de fazer uma pauta conosco, convite prontamente aceito pelos Roberts de plantão, conforme o solicitado pontualmente as 11:30 estacionamos as motos de frente ao pequeno estúdio montado na praça . O repórter de uma simpatia sem tamanho nos tratava como atração, 4 motoclistas vindo de São paulo a caminho de Paranaguá, enfrentado distãncias, chuva e frio, era como uma odisséia sobre 2 rodas destes 4 pards em seus cavalos de aço , após receber a palavra do apresentador no estúdio o repórter fez as apresentações, fui o primeiro a falar com contida emoção, não é sempre que estou de frente a câmera, mais acostumado por trás das lentes a fazer o trabalho que o Kândido agora realizava com maestria, minhas palavras saíam fácil, pois queria apenas agradecer e comentar sobre o que via, pessoas recebendo estranhos de longe de braços abertos, ao contrário do frio que fazia recebíamos muito calor humano através de palavras e sorrisos . A pedido do repórter subimos nas motos e saímos pilotando num círculo exibicionista pela praça ... Paramos um pouco e despedimo-nos de todos e dali mesmo rumamos para a rodovia BR-277 rumo a Paranaguá ...

Na estrada com caminhões ...Paranaguá aqui vamos nós

No início da BR, paramos para nos agasalharmos, as luvas de lã por baixa da luva de couro se mostrou de extrema utilidade, meu gorro tipo Ivanhoé, apertava meus óculos sob o capacete, mas era preferível a ter as orelhas congeladas , alguns caminhões passavam businando forte ao qual prontamente levantávamos os braços num aceno . ao começar a rodar comemorava a chuva dar uma trégua, pela primeira vez podia curtir a estrada sem ser castigado, a BR-277 é uma estrada muito bonita e segura, com suas duas pistas de asfalto impecável mostrava nos uma paisagem de grandes pastos e ornadas por grandes árvores de Araucária, símbolo do paraná, os caminhões que passaram por nós eram agora alcançados por nós, um comboio de grandes carretas que tinham um estranho modo de nos cumprimentar e chamar para rodar juntos, balançavam as carretas de um lado ao outro de um modo festivo e ao mesmo tempo assustador, busínavamos as motos o que em resposta recebíamos acenos pela janela e acompanhados de uma trilha de ensurdecedores businas a ar, vários caminhoneiros ao mesmo tempo dando-nos passagem de modo eufórico e barulhento, eu me arrepiava todo pois a cena era linda e desmitificava um pouco o medo dos grandes caminhões na estrada, pois o que via eram colegas a rodar juntos, uma irmandade que tinha em comum o imenso tapete escuro rodeado do verde a beira da estrada ...

Deixando-os para trás chegamos a uma surpresa que machucou nossos bolsos, o pedágio pago por motos, 5,70, um valor pequeno pela qualidade da estrada, porém estranho a nós acostumados as rodovias paulistas onde motos ainda não são pedagiadas, aproveitamos a parada para esticar um pouco os músculos e vi que escapava uma mangueira sob meu tanque, como havia levado ferramentas de novo o Gilmar me ajudava, sacando meu tanque e encaixando de volta a mangueira que até agora não descobri para que servia, visto que devia estar rodando com ela solta há bastante tempo, a operação tomou-nos alguns minutos e encerrada os pards rodavam de novo, logo a frente um trecho maravilhoso e inesquecível, uma serra maravilhosa , nem dava vontade de acelerar, pois a paisagem era de tirar o fôlego, a pista com curvas largas permitia até 80 km p/h, mas eu não devia de estar a mais de 40 pois queria apreciar o espetáculo que a natureza e os antigos engenheiros nos proporcionavam, cheguei a me entristecer quando terminamos o trecho de serra e começou um retão monótono até entrarmos na cidade de Paranaguá, não sem antes eu ser albarroado por trás pelo Vecchi que se distraiu momentãneamente e não percebera minha parada na rotatória do caís, nada de mais grave além do susto e nos dirigíamos direto para a Praça 9 de Julho local do evento, assim que cheguei fui recebido com um abraço pelo amigo de Orkut Agostinho, um dos responsáveis pela organização do evento e um dos membros fundadores do MC Robalos Rebeldes, após as apresentações ele nos indicou alguns hotéis , pois o que soubera era que todos haviam de estar lotados, pois haviam reservas de três meses antes, e nós fomos na base da aventura e sorte ... sorte esta que nos sorriu, pois no segundo hotel que contactamos o dono em pessoa nos instalou em dois ótimos quartos, com duas camas cada, apartamento super confortável e luxuoso por um preço bastante camarada, 75,00 a diária por pessoa e com um café da manhã que mais parecia um almoço tamanha a fartura ( não de faltar e sim de abundância de coisas gostosas ) , Gassan, o dono-gerente, não descuidava de nós por momento algum, sempre por perto perguntando se estávamos satisfeitos e ou precisávamos de algo, num destes momentos, como chovia muito pegou seu próprio carro e levou-nos num restaurante a dez quadras dali e deixou um táxi de sobreaviso quando terminássemos o jantar e fôssemos ao evento, pois era noite de sexta-feira e começava ali o evento que era nosso destino ... a IX Festa de Aniversário do Robalos Rebeldes MC ...

E começa o evento ...

Jantados e satisfeitos, o táxi nos deixou a porta do Encontro Nacional de Motociclistas do MC Robalos Rebeldes, logo de entrada fomos registrar nosso MC e retirarmos o troféu de participação, andando pelo enorme estande montado pelos organizadores reencontrei o Agostinho que nos apresentou a todos, abraços, sorrisos, confraternizações, engraçado perceber como nós motociclistas somos uma irmandade, pois o colete era como uniformes de um mesmo time, unidos por uma mesma paixão, estrada, liberdade, motos e amizades , as que tínhamos anteriormente e que revíamos e as novas que eram feitas em cada troca de adesivos e em cada abraço recebido ... Gente de todos os lugares, a grande maioria da região sul do País, que não mediam esforços para deslocar-se de seus afazeres e cotidiano somente pelo prazer de rodar e fazer amigos .

A chuva esvaziara a praça de eventos, alguns poucos corajosos como nós ficavam de frente ao imenso palco montado para receber as bandas que animariam o evento , de início abrindo a festa o Coral de Paranaguá, formados pelas vozes e brilho de senhoras tão jovens a exaltar a alegria presente , seguia-se noite afora outras apresentações, ouvi de tudo um pouco, Credence, Raul, Ozzy, o indefectível hino dos motociclistas Born To Be Wild e Kiss ... eu kissmaníaco não pude deixar de me chacoalhar aos primeiros acordes de I Was Made For Loving You, deixamos o palco para trás e fomos dar uma volta pelos inúmeros estandes com produtos para motos e motociclistas, a noite, o frio e a chuva nos chamava de volta ao Hotel , nossa sexta estava encerrada ... não sem antes dar uma parada numa carrocinha de cachorro quente para acalmar o estômago do Carlinhos que precisava ser calado a cada meia hora .

Sábado com Golfinhos

Acordei cedo, quis dar uma volta sozinho pela cidade sem meus Pards, em companhia de minha máquina fotográfica quis viajar no tempo, olhar com olhos de menino. Aquelas ruas, praças e casarões tinham me visto com 5, 6 anos, e tinha muitas recordações e emoções para compartilhar , a chuva fina misturava-se com minhas lágrimas que escorriam por um rosto de 43 anos , 35 deles longe dali, era uma sensação estranha, um misto de saudade do que não sei e alegria por estar ali, uma volta as minhas raízes , entre fotos de ruas, casas me vi de frente ao antigo cinema, Cine Santa Helena onde fui pela primeira vez , as cenas do filme Mogli, o menino lobo de Walt Disney misturou-se ao meu próprio filme, lembro como ficara maravilhado com o tamanho da tela e as cores vivas do desenho, uma paixão que perdura até hoje, paixão de colecionador de filmes nostálgicos como os muitos filmes de faroeste, Tarzans que começara ali , naquele cinema , que hoje era somente um casarão em ruínas . Voltei ao hotel e me reuni aos amigos onde seguimos para um passeio de barco pela bahia de Paranaguá, um grupo de alunos em excursão acompanhava o passeio, que nos levava ao largo do porto onde navios enchia-nos os olhos pela grandeza de tudo . Entre risos festivos fomos alertados pelo comandante do barco a olhar um burburinho que seguia o barco, um grupo de golfinhos nadava ao lado fazendo festa , era difícil acompanhar seus pulos com a máquina, mas ainda consegui tirar algumas fotos .
Após um passeio que durava mais de 1h e meia, voltamos ao píer e caminhamos sem pressa em direção à Praça de Eventos, era nossa última noite e pelo caminho passei em lojas de artesanato, queria comprar lembrancinhas de meu passeio a minha esposa e meus filhos, notava que muitas motos chegavam , o sábado diferente da sexta prometia muita gente o que pudemos constatar , o evento estava “ bombando “, andamos por todo o perímetro namorando as muitas motos clássicas estacionadas, entre tantas me chamou logo a atenção uma lindíssima que chamei de Rainha das Motos, uma Harley Davison azul maravilhosa . Engraçado como motociclista de motos custon são diferentes, em seus motoclubes ou forasteiros como fui por muito tempo, somos de estacionar as motos e passear admirando motos e acessórios customizados. Diferente de pilotos de esportivas, vi muitos jovens chegar sobre suas reluzentes Hayabusas ou Hornets de coloridos chamativos, capacetes sobre o tanque ( cabeça sem proteção e vazias, literalmente ) acelerando forte para chamar a atenção, roncos altos que lembravam o som áspero de 2 tempos das antigas RDs, confesso que não gostava e cheguei muitas vezes a me assustar pois andava tranquilamente e de repente um Vruunnn escancarado próximo a mim , mas enfim o evento é de motociclistas e seja qual tribo for, somos todos motociclistas ... estou errado ?

Domingo ... Estou voltando pra casa ...

Acordamos cedo, tomamos um café da manhã bem reforçado, cortesia do Gassan o gerente-dono do hotel e depois de tirarmos algumas fotos com ele e do Hotel preparamos-nos para rodar, para variar a chuva fina não dava trégua, mas eu já estava até me acostumando, o sol só deu as caras na divisa do Paraná com São Paulo eu respirava aliviado por conta de um susto tomado na serra, pois graças ao piso molhado e escorregadio eu perdera a tangência de uma curva atravessando direto e completando a volta pelo acostamento, o asfalto seco e o calor do sol tornou nossa volta mais rápida e agradável era pouco mais de 13:00 hs e já estávamos no Posto Fazendeiro onde paramos para almoçar pois dava para ouvir o estómago do Carlinhos reclamando de longe apesar do som do vento no capacete .
Almoço feito e reabastecidos entramos na Rodovia Manoel de Nóbrega tendo o céu mais azul que eu já tinha visto na vida , depois de tantos dias secos no estado a chuva lavara a atmosfera tornando a paisagem sobre nossas cabeças cristalina e límpida . Eu puxava a fila tirando algumas fotos de estrada quando fui parado por um policial rodoviário , era a divisa de Pedro de Toledo com Peruíbe, estacionamos todos e conforme solicitados mostramos as documentações , após vistoriados pedi para tirar fotos com os policiais que não se incomodaram e entre conversas sobre as máquinas nos ofereceram café ... após o cigarrinho do Gilmar nos despedimos e recomeçamos a viagem ... a meta era chegar em casa com dia claro, era dia dos pais e estava morrendo de saudades dos meus filhos e da esposa ... olhando a estrada repassei rapidamente toda a história de viagem que relatei aqui e descobri que não importa a viagem ... a melhor sensação é o retorno para os nossos queridos, rever sorrisos, compartilhar histórias, sentir o abraço apertado ou mesmo um beijo longo misto de saudades e felicidades do reencontro eu me sentia como uim astronauta vindo da Lua, pois na minha dimensão minha aventura fora igual e queria falar, falar, falar ... ter minha esposa e meus filhos em volta de mim me ouvindo até a noite chegar e avançar pela madrugada, relatar minha vivencia e emoções me sentia como um menino que transforma-se em homem, amadureci mais nesta viagem pois enfrentara alguns fantasmas pessoais e vencera-os .


“Minha vida é andar por este país
Pra ver se um dia descanso feliz
Guardando a recordação
Das terras onde passei
Andando pelos sertões e dos amigos que lá deixei.
Chuva e sol, poeira e carvão
Longe de casa sigo o roteiro
Mais uma estação e alegria no coração! "


Serviço :

Em Curitiba não deixe de visitar

Ópera de Arame
Centro Histórico
Praça Tiradentes marco zero da cidade em anexo a Catedral Basílica Menor Nossa Senhora da Luz dos Pinhais
Passeio Público ( Foi o primeiro parque Público e primeiro Zoológico de Curitiba )
Shopping Estação e em anexo o Museu Ferroviário
Rua das Flores
Rua 24 Hs

Nos hospedamos no Hotel Embaixador

Em Paranaguá não deixe de visitar

Rua da Praia
Igreja do Rocio
Ilha dos Valadares
Museu de Arqueologia no Antigo convento dos Jesuítas
Passeio pela bahía de Paranaguá ( Barco Marujo Amigo 10 )

Nos hospedamos no Hotel Monte Líbano ( 41 3423-3571 / www.hotelmontelibano.com.br )

domingo, 3 de agosto de 2008

Shopping Serra Azul



O passeio do hoje nos levou ao Shopping Serra Azul

Domingo chuvoso, céu carrancudo, mas sem vontade ficar em casa, resolvi conhecer um lugar mencionado no site www.motoa2.com.br ... descrevido como um ponto de encontro de motociclistas e casa de maravilhosos pães de queijo e café delicioso, realmente era tudo isso e um pouco mais .

O passeio inicia-se pela Rodovia dos Bandeirantes, segura e com pistas maravilhosas,
deslumbra-se uma paisagem linda a medida que nos afastávamos do perímetro urbano da capital, um percurso relativamente rápido e avistamos de longe o Shopping, com cara de um pontilhão pois atravessa as duas pistas , está situado no Km 72 da Rodovia, no município de Itupeva, logo ao chegar vislumbro várias motos estacionadas de todas as marcas e modelos, apesar do mal tempo, muitos se aventuraram na estrada .

Logo de início dá me a impressão de ser menor do que imaginara, sem contudo perder a imponência o longo corredor é ladeado de várias lojas de presentes finos, meu olhar se perdia entre estatuetas, vasos e objetos de madeira , avançado ao centro do Shopping o corredor abre-se num hall dedicado a Praça de Alimentação, onde o delicioso aroma de café invade o recinto mesclando-se a uma música suave que vinha de uma Junkbox, olhando nas vitrines, via os famosos pães de queijo, dando-nos água na boca ... mas o momento era de conhecer e percorrendo o corredor de loja algumas me chamaram bastante a atenção e merecem ser comentadas ... uma loja para motociclistas onde se podia comprar de tudo desde um capacete a maravilhosas jaquetas, em anexo um restaurante com acesso pela loja com uma decoração muito atraente e relacionada a motos , ao lado a Ribeiro e Pavani, uma linda loja de presentes e decorações, onde é possível encontrar desde uma pequena lembrancinha de cristal até uma grande estátua de um gladiador romano ( minha esposa apaixonou-se pelo gladiador, não tendo a peça na minha sala ao menos temos a foto em nosso album ). Ao lado de um mirante com largas vitrines onde podemos vislumbrar todas as pistas da rodovia fica o Atelier do Pedro Sabiá, onde quadros maravilhosos estão expostos para compras, sendo atendidos pelo próprio Pedro que empolgado fala-nos de sua obra ...uma dica ... se você tem visão pura e desligada do materialismo muitas " Joaninhas " encontrará .